Conselho de administração da Petrobras sofre mais uma baixa Advogado: Leonardo Antonelli também anuncia saída após troca no comando da estatal

Fonte: Folha de S. Paulo / Uol
Por: Nicola Pamplona
O advogado Leonardo Pietro Antonelli comunicou à Petrobras que não
aceitará a renovação de seu mandato como representante do governo no
conselho de administração da Petrobras. É a quinta baixa no colegiado após
o anúncio da troca no comando da estatal.
Antonelli ocupa uma das oito cadeiras do conselho destinadas à União
desde julho de 2020. Embora o governo tenha proposto a recondução de
seus representantes, outros quatro conselheiros já haviam anunciado na
terça (2) que não têm interesse em permanecer.
Em comunicado divulgado nesta quarta (3), a Petrobras informou a decisão
de Antonelli, mas disse que a recusa em ocupar cadeira destinada à União
"não impede que ele seja eleito novamente pelos acionistas minoritários,
caso haja solicitação de voto múltiplo e ele receba votos para tanto".
Antonelli foi eleito com voto dos acionistas minoritários, que conseguiram
incluir um representante nas vagas destinadas ao acionista controlador em
assembleia realizada em julho de 2020. Com a manobra dos minoritários,
ele substituiu Maria Cláudia Mello Guimarães, que seria reconduzida pela
União.
Como foram eleitos em bloco, todos os representantes do governo no
conselho terão o mandato interrompido automaticamente na próxima
assembleia de acionistas da companhia, que será convocada para substituir
Roberto Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna no colegiado.
Silva e Luna foi indicado no último dia 19 como substituto de Castello
Branco na presidência da estatal, decisão que desagradou o mercado e
gerou a debandada de conselheiros. Antes, precisa ter sua indicação ao
conselho ratificada em assembleia de acionistas.
O governo chegou a propor a recondução dos seus outros sete
representantes, mas até o momento, cinco já recusaram a proposta — além
de Antonelli, João Cox Neto, Nivio Ziviani, Paulo Cesar de Souza e Silva e
Omar Carneiro da Cunha comunicaram a empresa que não querem ser
reconduzidos.
Os dois últimos fizeram questão de se manifestar em comunicado da estatal
que anunciou a decisão. Souza e Silva elogiou a gestão Castello Branco e
Cunha disse não se sentir na posição de aceitar a recondução depois das
críticas à gestão Castello Branco feitas por Bolsonaro.
"A mudança proposta pelo acionista majoritário [a União], embora
amparado nos preceitos societários, não se coaduna com as melhores
práticas de gestão, nas quais procuro guiar minha trajetória empresarial",
escreveu.
"Sendo assim, acredito que minha contribuição ao Conselho de
Administração e à empresa seria fortemente afetada, e minha efetividade
reduzida.” Procurado nesta quarta, ele preferiu não dar entrevistas.
A decisão dos conselheiros considerou também o risco de processos na
pessoa física caso a gestão Silva e Luna passe a adotar medidas contrárias
aos acionistas da empresa. Embora afirme que não vai interferir na gestão
da empresa, Bolsonaro tem repetido que uma estatal não pode pensar só
no lucro e precisa ter papel social.
Entre os conselheiros indicados pelo governo, permancerão nos cargos
após a assembleia apenas os de origem militar: o presidente atual do
colegiado, almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, e o oficial da reserva
Ruy Flaks Schneider.
Com a chegada de Silva e Luna, o conselho da Petrobras passará a ter ao
menos três militares. O governo ainda não divulgou os nomes que
substituirão os executivos que declinaram do convite pela recondução.
Outras duas vagas são destinadas a minoritários e uma a representante dos
trabalhadores.